Blog

Estágio e carreira

Setembro Amarelo: saúde mental e cuidados para pacientes LGBTQIAP+ que precisam do SUS

Entenda por que pacientes LGBTQIAPN+ são mais vulneráveis ao suicídio e os cuidados que você deve ter ao trabalhar no SUS.

6

minutos de leitura

9/9/2024

A função do Setembro Amarelo é conscientizar as pessoas quanto aos cuidados destinados à saúde mental e a sua importância para a prevenção ao suicídio. São conduzidas ações educativas e eventos para quebrar o estigma que existe sobre o assunto, e fazer com que possíveis vítimas sintam-se acolhidas em vez de julgadas.  

Infelizmente, um dos grupos que mais morrem em decorrência disso é composto por jovens. Segundo o Ministério da Saúde, o suicídio é a 4ª causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos na América atualmente.  

Outro dado alarmante dentro deste recorte social é o de que 62,5% das pessoas nessa faixa etária que são LGBTQIAPN+ já pensaram em suicídio. Essa descoberta veio à tona pela revista Pediatrics e levanta um problema ainda maior: será que esse público encontra o tratamento específico de que necessitam quando vão pedir ajuda?

A seguir, você vai entender os porquês que colocam essa minoria em maior vulnerabilidade em relação ao suicídio. Além disso, também abordaremos as atitudes que deverá desenvolver durante a faculdade para tornar-se um profissional da saúde capaz de fazer a diferença na vida dessa comunidade.  

Principais causas de suicídio

Em sua maioria, estão ligadas a transtornos mentais e de personalidade, sendo alguns deles: a depressão, o transtorno bipolar, o borderline e a esquizofrenia, por exemplo. Todos eles podem levar a pensamentos suicidas e comportamentos autodestrutivos a depender do quadro em que o paciente se encontra e do quanto o seu tratamento está fazendo efeito.

Além disso, contextos sociais difíceis como os que incluem violência doméstica, desemprego e desigualdade educacional podem aumentar o risco de suicídio. Fatores como esses têm impactos diferentes dependendo do gênero e da situação econômica, pois incidem diretamente na facilidade que a pessoa tem de procurar e de conseguir ajuda adequada.

Tanto os transtornos de nascença quanto os adquiridos sofrem piora quando o paciente enfrenta problemas em sua vida pessoal ou no trabalho, por exemplo. Assim, uma pessoa bipolar em um contexto social onde ela não consegue se sustentar e está em constante luta por sobrevivência tem maiores chances de atentar contra a própria vida.

Da mesma forma, um jovem que é violentado dentro de casa pode desenvolver ansiedade por causa dessa situação que, inevitavelmente, o faz cada vez mais ansioso, visto que há o anseio urgente de alterar a sua realidade. A falta de resolução para essa urgência também é um gatilho maior para o suicídio.

Por fim, outro fator que está diretamente associado a isso são os distúrbios comportamentais desenvolvidos como uma forma de lidar com todas essas questões. Estamos falando sobre o alcoolismo, entre outros tipos de abuso de substâncias, que prejudicam ainda mais a saúde física e mental, criando um ciclo vicioso.  

Por que os pacientes LGBTQIAPN+ são mais vulneráveis?

Quem pertence à comunidade LGBTQIAPN+ enfrenta uma série de desafios únicos que aumentam sua vulnerabilidade ao suicídio. A discriminação e o estigma social são fatores significativos, muitas vezes levando a experiências de exclusão e violência física, moral e emocional, fomentadas pelo preconceito.

Esses impactos podem criar um ambiente de opressão que prejudicam a saúde mental, alterando o seu estado com sentimentos de desesperança. Além disso, a orientação sexual ou identidade de gênero pode ser motivo de bullying escolar, gerar conflitos familiares, e atuar como um obstáculo na formação de amizades e na busca por emprego.

A falta de aceitação familiar e social é uma preocupação crítica. Muitos indivíduos LGBTQIAPN+ enfrentam rejeição e falta de apoio de suas famílias e comunidades, o que pode intensificar sentimentos de solidão e desamparo.

Essa rejeição frequentemente resulta em problemas financeiros e falta de acesso a serviços essenciais, agravando ainda mais a sua vulnerabilidade. As consequências dessa rejeição podem acarretar uma série de dificuldades pessoais e profissionais que contribuem para o estresse emocional e mental.

Além disso, a invisibilidade e a falta de representação adequada nas políticas de saúde e serviços de apoio contribuem para a marginalização dessa população. Muitos serviços de saúde não estão preparados para lidar com as necessidades específicas dos pacientes LGBTQIAPN+, o que pode levar a um atendimento que acaba afastando a pessoa do autocuidado.

Sem falar que, as próprias questões relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual podem ser estressantes uma vez que vivemos em uma sociedade heteronormativa. Assim, o processo de autodescoberta e a luta por aceitação podem gerar ansiedade e depressão, especialmente em um ambiente hostil.  

Formação e sensibilização para profissionais do SUS

Muitos profissionais ainda carecem de conhecimento sobre questões de identidade de gênero e orientação sexual, o que pode levar a práticas discriminatórias e desinformadas. A boa notícia é que hoje tornou-se muito fácil se capacitar para atender pacientes LGBTQIAPN+ de forma humanizada.

Basta pesquisar na internet. Aqui estão, por exemplo, nove atitudes que você deve cobrar e aplicar no seu dia a dia:

  • Rejeitar a heterocistnormatividade como padrão;
  • Perguntar as preferências de tratamento dos pacientes;
  • Aprender palavras de uso comum na comunidade;
  • Oferecer um ambiente acolhedor;
  • Apresentar-se como um aliado;
  • Abandonar expressões preconceituosas;
  • Tomar posição contra a LGBTfobia;
  • Reportar casos de preconceito aos superiores.

Como psicólogo do Sistema Único de Saúde (SUS), você verá que existem diversas iniciativas voltadas para a saúde mental dos pacientes LGBTQIAP+. Programas de apoio psicológico e serviços especializados, como os Centros de Referência em Saúde Mental (CRSM), oferecem suporte específico para esses pacientes.

É fundamental estar atento às mudanças comportamentais que podem sinalizar risco de suicídio, como tristeza profunda, perda de interesse por atividades, e isolamento. Pacientes em risco podem também apresentar:

  • Alterações no ciclo de sono
  • Falta de apetite ou alimentação excessiva;
  • Aumento no consumo de álcool e tabaco;
  • Uso de drogas ilícitas.

Reconhecer esses sinais é crucial para um atendimento eficaz e para a implementação de intervenções precoces. Além disso, há muitos mitos relacionados ao suicídio que podem desviar o encaminhamento para o tratamento necessário.

Perguntar sobre suicídio não induz o paciente a esse comportamento, mas sim demonstra preocupação e pode fortalecer o vínculo com o profissional. Além disso, todas as ameaças devem ser levadas a sério. Muitas pessoas que tentam ou cometem suicídio haviam previamente comunicado suas intenções de alguma forma.

Aos demais profissionais da saúde, que não vão atuar no tratamento psicológico do paciente LGBTQIAPN+, a formação e a sensibilização são necessárias para tratá-lo da forma correta. Afinal, o ato de ir a um centro de saúde buscar ajuda não é fácil, e pequenas atitudes podem fortalecer o sentimento de segurança dessas pessoas, que não estão acostumadas a sentirem-se assim.  

Gostaria de entender mais sobre sua futura profissão? Explore outros artigos da seção Estágio de carreira do nosso blog.

Em breve você receberá uma confirmação da assinatura da nossa newsletter por e-mail!
Oops! Algo deu errado, tente novamente.
Sem spam. Cancele a inscrição a qualquer momento.

Leia mais